terça-feira, 24 de novembro de 2009

Labirinto

Autor: Fábio Antonio Filipini (Phylypyny)
Inspirado na frase de Cecília Meireles:
"Não posso mover meus passos por este atroz labirinto."
Seus lábio estão divididos.
Não posso mover meus passos por este atroz labirinto.
Compromisso acabou, mas o amor persiste.
O vazio no coração o mantém na ponta do medo.
Não bastará uma única taça de vinho para diluir a tristeza que deixaste...
Teus olhos ainda encantam.
Sorriso hipnotiza.
Deixaste migalha de carinho.
Dei a textura do meu interior.
Hoje? Dor.
Então, o jeito é microoxigenar o sentimento que preso está neste caminho.
Tem dias que um gole de vinho dá vida à saudade da gente,
mas espero que com o tempo você seja somente borra no fundo de meu coração.

Nome querido

Autor: Fábio Antonio Filipini (Phylypyny)

Inspirado na frase de Manuel Bandeira:
"Que o nome querido já nos soa como os outros."

Hoje?
Está lá.
Pensará ter perdido
Teu sorriso escondido.

Aqui?
O tempo castiga-me.
Você?
Esquece-me.

Então, um dia
Não sei quando, espero
Que o nome querido
já nos soe como os outros.

sábado, 21 de novembro de 2009

As folhas obedecem ao vento
Assim como boas meninas obedecem aos pais
Para onde vão
Não importa
Lentamente desaparecem
Até que o nome querido soe como os outros
Até que a face desconhecida habite o espelho
E como a lembrança de um sonho bom
Têm seu fim no esquecimento.


"Que o nome querido já nos soa como os outros" (Manuel Bandeira)

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Olá,

Leiam aqui um artigo interessante do Itaú Cultural sobre Cortázar.

Abraço a todos.

domingo, 8 de novembro de 2009

Por Cristiane Dalla Bento

A IDOSA

Do apartamento no terceiro andar a senhora de cabelos brancos observa pela janela do quarto as pessoas passando na rua. Com um corpo decrépito, roupas cheirando naftalina e rosto enrugado, seus olhos fundos e fracos seguem os passos de quem se aventura a viver.

Sua quase imobilidade e seu olhar perdido podem durar horas que não serão notados. A respiração deixa o vidro um pouco embaçado, mas ela não se importa. Há muito tempo sua vida não tem mais qualquer sentido.

Faz frio, porém mesmo que estivesse quente ela não sairia de casa. O agravamento da velhice lhe limita os movimentos e caminhar é muito penoso. Há anos a envelhecida mulher não sai do pequeno apartamento e daquele quarto. A última vez foi no enterro de uma das quatro irmãs.

O corpo reconhece a fatalidade do envelhecimento, no entanto, não se entrega. Na monotonia da sua vida, o que lhe dilacera a alma é a solidão. Sem filhos, sem amigos, sem parentes. Aos 98 anos a anciã magra e de cabelos ralos não tem com quem conversar. Além disso, ninguém dá atenção a uma pessoa que houve pouco e demora muito para pronunciar qualquer frase. Sua limitação física dificulta qualquer contato com o mundo e com as pessoas.

Está sempre isolada e sozinha. Não consegue acompanhar a programação da televisão. Novelas, não entende, filmes menos ainda. Os noticiários são extremamente rápidos e sua mente cansada já não acompanha a realidade. Mal sabe escrever o nome, quanto mais ler. Só lhe resta ver os outros passando na rua pela triste e solitária janela.

Algumas vezes chegou a acenar para uma pessoa ou outra que a notavam na vidraça, mas todas viravam o rosto e seguiam seus caminhos. O isolamento aumenta quando chove, já que nesses dias há menos gente na rua.

A solidão lhe consome. Às vezes pensa que vai enlouquecer. Chega a ver pessoas que fizeram parte da sua vida transitando pela calçada, mas logo se dá conta que é imaginação.

Uma ocasião estava certa que uma mulher de vestido azul era uma antiga vizinha, chegou até a prender a respiração de surpresa e por alguns instantes imaginou como seria encontrar alguém conhecido. Contudo, a mulher se foi e a idosa voltou à rotina de apenas olhar os outros indo e vindo.

Da sua vida só lhe resta olhar pela janela e aceitar a monotonia da sua existência, de onde só a morte a resgatará da devastadora solidão.


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(Donna con Ventaglio - Gustav Klimt)


MULHER

Movimento

Formas sedutoras

Geométrico Mozaico

Sensualidade e leveza

Olhar majestoso e sedutor

Tranquilidade imponente

A natureza se aperfeiçoa na mulher


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Majestosa K 626

O prodigioso gênio envelhece e se aprimora

Nasce sua última sinfonia

Canta nobreza da morte

Em majestosa harmonia

As cordas evocam

Sublime beleza

Unindo instrumentos e vozes

Em perfeita melodia

O talentoso autor

Ao fechar dos olhos

Enaltece o Criador

E se rende à Sua Glória


http://www.youtube.com/watch?v=FrEQ-N6CNKo&feature=player_embedded