quinta-feira, 4 de junho de 2009




LUA DIVERSA


Quando o olho a lua sem óculos, o astigmatismo a duplica. Minha lua “natural” é de outro planeta; minha Terra tem duas luas onde canta o pássaro do paraíso. A lua cheia está entrando em Gêmeos. Cheia. Duas lentes. Duas luas. Cada um vê aquilo que deseja - eis a perfeição do mundo sublunar.

O filme de Ken Russel começa com um cenário de teatro, fake, decadente. João Batista está em uma jaula – é o artista da fome. Ao seu redor, mulheres vestidas feito panteras sádicas imitam os trejeitos da fera e maltratam o profeta com seus chicotes sibilantes. A lua cheia é um rasgo no pano de fundo. Ainda branca.


Zoe

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DIVERSAS LUAS



Pajem de Herodíade – Olhe a lua. Como está estranha, parece uma mulher saindo do túmulo. Parece uma mulher morta (...) procurando mortos.
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Narraboth – Como a lua está estranha hoje ! Ela sorri através dos véus de nuvem como uma princesa, uma princesa de olhos de âmbar.

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Salomé – Não é bom ver a lua? Ela é casta e fria, estou certa que é virgem. Ela é virgem. Jamais se maculou. Nunca se entregou a homens como outras deusas.

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Herodes – A lua está estranha hoje. Não está? Parece uma louca procurando amantes. Está completamente nua. Nuvens tentam vesti-la mas ela não quer. Cambaleia pelas nuvens como uma vadia bêbada. Certamente procura amantes ... Parece uma louca, não?

Herodíades – Não. A lua se assemelha à lua e nada mais.

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Herodes - Veja a lua. Está vermelha feito sangue, como disse o profeta. Ele previu que a lua ficaria vermelha como sangue.


(trechos do filme de Ken Russel)

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