segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Para Miguel Sanches Neto

Foi no dia 24 deste mês de janeiro que li a crônica "The end", a despedida oficial de um grande cronista da Gazeta do Povo. Fiquei chateada, como se um grande amigo tivesse dito que ia embora para sempre. Claro, você disse que está substituindo a Marleth Silva até fevereiro, e que de certa forma continua, publicando análises de livros. Boa sorte, Miguel. Mas acho que você já não será mais o mesmo, pois estará vinculado a um tema só, e não terá aquela liberdade literária de fazer uma crônica que mais parece um conto quando você quiser. Sem contar que não consigo ler crítica literária durante muito tempo - elas acabam bloqueando a minha criatividade, porque também quero ser escritora.
Vou sentir falta, Miguel, dos teus contos, dos teus raciocínios tão lúcidos, que é um dos elementos que mais procuro nas crônicas que leio, mesmo que algumas vezes tenha me assustado com certos radicalismos e até brigado com você, sem você saber. Uma das particularidades dos teus textos é que, como Olavo Bilac fazia com os sonetos, você consegue encaixar vários assuntos numa só crônica ou conto. Mesmo que às vezes cansasse, pois os textos ficavam muito longos e eu lia diretamente no computador, era um prazer lê-los. Também foi através de crônicas que ganhei essa intimidade que a gente acaba tendo com autores que lemos continuamente. Fiquei sabendo sobre a sua família e o seu lar - algumas das que mais aprecio falam sobre o Antônio, outras sobre a Camila, por exemplo.
Confesso que ainda não li nenhum livro teu, te conheço pelas crônicas mesmo. Acho que comecei a lê-las e colecioná-las em 2008, embora tenha duas de 2006 nos meus arquivos. Copio da Internet e colo - está cada vez mais raro extrair dos jornais de papel, seja recortando, seja xerocando - , e ou imprimo ou copio a mão. Sim, acho uma delícia copiar a mão, embora pertença, por convenção de nascimento, à geração que prefere digitar. Coloco tudo numa pasta com plásticos, junto com outros cronistas, cada um tem o seu próprio plástico. Amo esse tipo de texto em que, teoricamente, dá para se fazer tudo, mas que jamais dispensa uma olhada crítica para a realidade.
Enfim, a vida segue. Costumo brincar que para mim agora só falta nos conhecermos pessoalmente (espero que até lá já tenha lido um livro seu). Mais uma vez, boa sorte.

P S: Na crônica passada, esqueci de dar o crédito para a pessoa que o merece, então aí vai: quem me chamou para escrever crônicas para um jornal da faculdade foi a aluna de Jornalismo Juliana Cordeiro. Meus agradecimentos.

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