terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Escrito rápido

Escrevo rápido, apenas para não deixar passar em branco esta semana. Hoje vocês vão me desculpar, mas estou sem muita inspiração. Este é um dos momentos em que, ao menos em mim, se cristaliza uma idéia que a maioria dos cronistas tem de si mesmo: na verdade, apesar de ser reconhecida como alguém que sabe escrever, não tenho nada a dizer!
Ficar sem inspiração é um risco que corre qualquer um que escreve regularmente, a não ser que se trate de um jornalista produzindo matérias. Por isso os cronistas costumam usar de certos truques, como anotar temas ou deixar umas crônicas para emergências, cozinhando em banho-maria. Também tenho as minhas crônicas e os meus temas, claro. Mas hoje não estou me sentindo à vontade para trabalhar com esse material. São como bebês, ainda não chegou a hora de eles virem ao mundo. E não me surgiu nenhuma outra idéia que me entusiasmasse, por isso que estou aqui desabafando tudo isto. Com o medo de não ter o que dizer me assombrando.
Falar nesse medo me fez lembrar do Carlos Heitor Cony. Quem lê as crônicas dele sabe: volta e meia ele afirma não ter o que dizer, e no entanto é sempre requisitado, como se fosse um homem sábio. Ainda não consegui decifrar se isto é ironia, modéstia (falsa ou verdadeira) ou se ele realmente acha isso de si mesmo, e a gente é que vê nele um homem sábio, simplesmente porque é diferente a visão acerca de um texto de quem o escreve e de quem apenas o lê. E muitas vezes essa diferença é gritante mesmo. Ao menos pelo que concerne a mim (entre meus conhecidos, sou tida por alguém que escreve bem porque vive escrevendo e lê bastante - apesar de na realidade terem visto bem poucas produções minhas, pois são raras as que tenho vontade de mostrar), essa visão é fruto principalmente da insegurança na hora de escrever. É claro que o texto que imagino é sempre muito melhor do que o que acaba saindo. E essa distância entre os dois, logicamente, é maior à medida que o tempo entre conceber e escrever vai aumentando. No entanto, nem mesmo começar a escrever logo que as palavras vêm é 100% garantido: sempre alguma coisa poderia ter saído melhor. Sem contar que muitas vezes não tenho certeza se consegui abordar o assunto com a profundidade que ele merece.
Enfim, acabou saindo uma crônica. No momento, estou gostando dela. Mas não sei até quando. Porque é muito comum também eu reler meus textos descobrindo erros e novas maneiras de tê-lo escrito. Mesmo depois de muito tempo que ele já cumpriu sua função, e todos que o leram já se esqueceram dele.

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