segunda-feira, 9 de maio de 2011

Presença de Osama bin Laden

Lembro que, quando aconteceram os atentados de 11 de setembro, eu tinha 11 anos, estava na 5ª série e só fiquei sabendo um dia depois, quando a minha escola passou num telão, antes de irmos para a sala de aula, as imagens que a partir de então seriam exaustivamente repetidas no e para o mundo do que seria "o maior atentado terrorista da História" (o que não é verdade, pois, sem negar a gravidade dos ataques de 2001, foram também os estadunidenses que, décadas atrás, jogaram as bombas em Hiroshima e Nagasaki, e napalm no Vietnã, para citar só alguns atos terroristas - pois o objetivo era atemorizar os inimigos do "xerife do mundo" - , obtendo mais vítimas e conseqüências mais trágicas). Jamais me saiu da memória o fato de que os meus colegas sabiam o minuto exato em que tinha acontecido cada pequeno episódio que resultou no ataque total. Lembro que fiquei com medo de que no Brasil acontecesse algo semelhante, pois já sabia que éramos aliados dos Estados Unidos - e se entrássemos na "guerra ao terror" por ordem deles? Como a coordenadora geral da minha escola pôde afirmar com tanta segurança, até fazendo disso uma brincadeira, cerca de uma semana depois, que nenhuma bomba cairia em solo brasileiro?



Também se seguiu, a partir disso, um interesse zombeteiro dos meus colegas pelo mundo árabe - sim, o fato de a novela "O Clone" estar sendo exibida nessa mesma época ajudou, mas me refiro à associação automática dos muçulmanos com terrorismo, na pessoa principalmente do bin Laden, que foi bastante satirizado e referenciado por nós durante mais ou menos um ano. Mas devo dizer que isso de certa forma sobrevive, pois na minha turma de faculdade tem um rapaz muçulmano que com freqüência é associado, de brincadeira novamente, ao terrorismo. Ou seja, eis o excelente favor que Osama bin Laden prestou ao Islã, e que forma boa de se tornar eterno.



Agora ele está morto, mas, recorrendo a um monstro da mitologia grega, ele era apenas uma das cabeças da Hidra de Lerna de uma facção terrorista do Islã (vale lembrar, sempre, que a religião em si prega o amor a Deus e ao próximo, e não a guerra religiosa, como, aliás, o fazem todas as religiões sérias). A Hidra tinha nove cabeças, e ainda uma delas era imortal. De qualquer forma, não duvido que agora, diante de cada novo ataque dessa facção do mundo, a vida e morte de Osama bin Laden estarão no bojo. Ou seja, ele conseguiu tornar sua presença no mundo, mesmo morto, eterna, imortal. Foi assim que ele passou para a História. Por que pessoas que fazem o bem não têm essa influência no mundo e na História?

Nenhum comentário:

Postar um comentário