segunda-feira, 16 de maio de 2011

Por mais opções no teatro!

Neste sábado, vi uma entrevista da atriz Beatriz Segall num canal de TV fechado. Uma, dentre as várias coisas intrigantes que ela disse, que me fez pensar, foi que existe falta de bons textos teatrais atualmente (como extensão do assunto de que, devido à queda na qualidade da educação, hoje temos bons escritores, mas não excelentes). Nas palavras dela, eles, os atores, "rebolam" para conseguir um bom texto. Se eu fosse a entrevistadora, com certeza teria perguntado à atriz o que é uma boa peça na opinião dela (a única coisa que ela disse a esse respeito é que "brasileiro só vai hoje ao teatro para saber se pode rir"). No entanto, essa reclamação não é nova para mim.



Eu mesma já a tinha formulado há algum tempo. Basta pegar o programa do Festival de Curitiba: a maior parte das opções oferecidas são releituras de clássicos (como é de se adivinhar, Shakespeare é arroz de festa nesse quesito), muitas vezes adaptações de obras literárias que não foram escritas para o teatro, ou junções de vários textos de um mesmo autor. Há poucas peças originais, e a meu ver este é o grande problema. Estas maneiras de fazer teatro apontadas acima poderiam estar num melhor equilíbrio com bons textos originais - hoje, em sua maioria, os originais são besteiróis, algo que até pode ser engraçado, mas de que já enjoei, por me lembrarem muito os programas humorísticos de TV (só existe uma forma de fazer humor?). No mínimo, quando saio de casa quero ver um espetáculo diferente, marcante. Sem contar a percepção de outra atriz, esta curitibana, Rita Juarez, com quem tive a oportunidade de conversar: há uma idéia vigente de abolição do texto e improviso total com a platéia. Ela é contra essa prática. Eu já tenho a impressão de que, pelo diretor adequado, pode até valer a pena, mas também essa idéia não pode reinar absoluta, assim como hoje não deveria reinar absoluta a mania de readaptações, de obras teatrais ou não. Creio que todas essas formas, mais bons textos originais, poderiam conviver harmonicamente no teatro de hoje, dando à platéia mais alternativas de escolha, elemento essencial para fruições artísticas.



E o que seria um bom texto de teatro? Pelo pouco que sei, tem que ter diálogos fortes, afinal esta é a unidade formadora básica da peça, corresponde ao que a imagem é para o cinema, por exemplo. Algo que está muito presente em clássicos hollywoodianos como "A malvada", "Gata em teto de zinco quente", "Adivinhe quem vem para jantar", "Festim diabólico", entre outros. Considero estes filmes maravilhosos, porque já prendem pelos diálogos, que são densos e reflexivos sem serem chatos ou pesados, além de terem o privilégio de ser interpretados por grandes atores... Sei não, mas acho que esse tipo de diálogo anda fazendo falta também no atual cinema hollywoodiano.

Nenhum comentário:

Postar um comentário