segunda-feira, 13 de junho de 2011

Um outro 12 de junho

É impressão minha, ou as propagandas sobre o Dia dos Namorados ficaram mais numerosas e variadas, isto é, abordando esta relação de vários ângulos, este ano? Para falar a verdade, nunca soube nem o por que de existir essa comemoração, pois comemora-se, a princípio, um sentimento. Ou seja, quem não está apaixonado ou namorando está fora. É um clube para o qual se entra por circunstâncias várias e subjetivas, e ainda com outro detalhe: a mesma sociedade que festeja essa data também é a que acredita que a paixão ocorre de forma acidental. Além disso, falando do ponto de vista dos enamorados, não tem muito sentido criar para eles uma data para a manifestação do amor, pois qualquer dia é dia - nos dois primeiros anos de paixão, chega a ser por uma necessidade biológica. Sem contar que essa manifestação, como não poderia deixar de ser, passa fundamentalmente pelo consumo. Se você não compra um buquê de rosas para a sua amada, você não é romântico (e isso é um pecado gravíssimo, atestado por muitos filmes de Hollywood, ainda que não apenas desta forma). Sempre desconfiei desta noção de romantismo, porque ela me parece muito mais um adesivo externo que alguém cola em si num determinado momento. Para mim, o verdadeiro romantismo é o que vem de dentro, através muitas vezes de pequenos gestos de ajuda e compreensão. No dia-a-dia, ele pode ser muito voltado para a praticidade, pois pode ser (afinal, existem muitas formas de demonstrar romantismo ou ser romântico) o pensamento de um colaborador, alguém que se vê como ajudante do outro, e também quer ser ajudado por ele. Claro que fugidas ocasionais disso, loucuras de amor, são bem-vindas, mas creio que é mais gostoso quando o casal, ou um dos dois, decide a data, e ela seja totalmente inesperada, não para obedecer a um calendário comercial.

Mas me desviei totalmente do assunto. O que queria escrever hoje é que esta data tão especial também se refere a outra coisa: 12 de junho também é o Dia Mundial de Combate e Erradicação do Trabalho Infantil. Não sabia, não é? Quase ninguém sabe, não dá ibope. Imagine se, no meio de um filme romântico, passasse uma campanha abordando esse assunto? Pois é. Claro que trabalho infantil também se deve combater todo dia, mas neste caso a criação de uma data funciona (ou deveria fucionar) como um lembrete para a mídia e a sociedade sobre esse assunto, servir de pretexto para debates e pautas jornalísticas. Por exemplo, no dia 10 deste mês, em Curitiba, começou a campanha denominada "Trabalho infantil? Só pode ser brincadeira", uma iniciativa da FAS, que vai perdurar por todo este mês. E a diferença disto para o Dia dos Namorados é que qualquer um pode se engajar. Por exemplo, para denunciar trabalho infantil é só ligar para algum Conselho Tutelar (em Curitiba há vários, por isso que não dou o telefone só de um), Superintendência Regional do Trabalho (41-3901-7550) ou FAS (41-3250-7902), entre outros órgãos responsáveis pelos direitos humanos, ou mais especificamente da criança e do adolescente. Esta é a minha humilde e momentânea contribuição para um outro 12 de junho.

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