sábado, 21 de março de 2009

Literatura e Artes Plásticas

Bom, eu não aguento. Olha eu aqui outra vez!
Antes, tenho que deixar registrado que a aula de hoje foi ótima (nada contra as outras). A colaboração do Ivan Justen Santana foi muito válida para a oficina, obrigada!
Mais uma coisa: um site bacana de artes para imagens de boa qualidade é o Mark Harden's Artchive (lá, clique na monalisa e é só escolher o nome do artista no lado esquerdo da tela).
Finalmente, o motivo da postagem: Patrick Corillon.
É um artista contemporâneo que possui vários trabalhos interessantes que envolvem literatura e artes plásticas, pois ele cria personagens e desenvolve todo um trabalho artístico misturando ficção e realidade. Infelizmente, não se encontra muita coisa na net em português sobre a sua produção, mas eu tenho uma amostra:

Quando deixou sua casa, aos dezoito anos, Oskar Serti (Budapeste, 1881 - Amsterdam, 1959) estabeleceu-se em um
sótão vizinho ao do poeta Virgil Bànek. Apesar de não poder distinguir as palavras do poeta de onde estava, Serti era capaz de, apoiando as costas contra a parede que os separava, sentir através do corpo o ressoar dos versos que Virgil Bànek, encostado do outro lado, recitava a cada noite numa voz tenebrosa.
Após tornar-se escritor, em 1902, Oskar Serti lembrou-se desse episódio e organizou suas primeiras leituras em público em apartamentos, onde pedia que seus convidados se apoiassem contra a parede e depois fechava-se sozinho em uma sala adjacente. Então, começava seus textos num tom grave, recostando-se contra a parede que o separava de seus ouvintes, que deveriam vibrar com o seu discurso.
Infelizmente, a tentativa de Serti foi incompreendida, e muitas pessoas o acusaram de temer expor-se, e seus textos, diante do público.
Em março de 1955, depois de um longo exílio, Serti retornou a seu país coberto
de honra.
Durante uma visita às paredes de suas primeiras leituras, demorou-se em frente às profundas rachaduras que ali tinham surgido. Diante de uma plateia composta principalment
e por aquelas pessoas que tanto o haviam criticado, Serti minimizou o papel do famoso terremoto de 1954 e, não sem lirismo, justificou a origem daquelas fendas pelo fato de que seus textos tinham finalmente conseguido vencer a incompreensão em que haviam ficado tanto tempo confinados.

Ao lado: reconstituição de uma das mais notáveis rachaduras encontradas nas paredes do apartamento visitado por Oskar Serti em 1902.

(imagem: La Lézarde, 1992 - alumínio).

http://www.corillon.org

É isso,

abraços.

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