terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Saudades da Whitney

         Agora que a Whitney morreu, percebo como ela fez parte da minha infância - por influência dos meus pais, a escutávamos direto aqui em casa. Aliás, eles mesmos começaram tendo por um dos temas do namoro a lindíssima Didn't we almost have it all, que, depois da clássica I will always love you, tema do filme "O guarda-costas", é a minha favorita. Logo que saiu esse filme, no começo dos anos 90, eles compraram o disco com a trilha sonora, que temos até hoje, e dá-lhe escutar. Houve uma época na minha infância que escutei demais esse LP, apesar de até hoje não saber cantar nenhuma das músicas. Nunca fiz questão de aprender, para mim já era suficiente escutar aquela voz divina, sonhar com ela, me fazer viajar naquelas músicas. Portanto, apesar dos vários discos e CDs que ela lançou, o meu conhecimento dela se limita mais a essa trilha sonora, apesar de a minha mãe ter também o LP lançado em 1987 e também o CD lançado em 2007, com os maiores sucessos da carreira dela. 
          Não obstante, acho que a Whitney foi a primeira pessoa famosa cuja morte realmente lamentei. Acho que foi a primeira diva que eu vi morrer - ela era, e continua sendo para mim, a perfeita definição da musa, linda daquele jeito e com aquela voz perfeita. E, além disso, sentia como se ela fosse íntima aqui de casa  - quando tocava uma música no rádio, logo me alegrava: "É a Whitney!", como se ela estivesse nos fazendo uma visita depois de muito tempo, e pelo menos eu paro o que estou fazendo para escutá-la. Aqui em casa nós a chamamos de Whitney o tempo todo.
           Devo reconhecer que é estranho esse sentimento em mim, porque não costumo ser dada a paixões arrebatadas por ídolos famosos. Não teria pique, por exemplo, para ir ao enterro dela, supondo que pudesse. Talvez apenas fizesse questão de visitar o túmulo dela quando fosse a Nova York, não sei. Nunca fui a um show na minha vida, nunca fiz questão de ir, e nem sei se algum dia vou - pode ser até que não tenha paciência para curtir um evento destes, porque não a criei quando fui criança e quando fui adolescente, mesmo adorando o artista. Mas, se estivesse, provavelmente não vaiaria a Whitney quando descobrisse que a voz dela já não era mais a mesma, transtornada pelos anos de bebidas e drogas. Mas que ficaria decepcionada, ah, sim, ficaria. Talvez tenha sido até melhor não ter descoberto isso ao vivo, para não destruir a imagem que conservo dela até hoje. (O meu único momento realmente egoísta com relação à Whitney foi pensar, quando descobri isso, que a voz dela era um patrimônio da humanidade, e, como tal, merecia ter sido melhor cuidada.) 
           E, por fim, o meu próprio jeito de curtir música é diferente. Costumo me agarrar a uma ou a um punhado de músicas do artista, demorando muito para ir descobrindo as outras que ele gravou. E também demoro muito para decorar as letras para conseguir cantar, que é uma das minhas frustrações. Principalmente pela primeira razão é que normalmente não me sinto segura em me afirmar fã de determinado cantor - parece-me, na maioria das vezes, que soa mais verdadeiro me afirmar fã das músicas, não tanto do artista (o que deve ter me resguardado um pouco das loucas paixões pela pessoa, e até eliminado a necessidade dos shows para mim). Da Whitney, por exemplo, além das citadas, gosto realmente das seguintes: One moment in time, Exhale (Shoop Shoop), I have nothingI´m every woman, ou seja, exata meia dúzia. Mas isso não me impede de colocá-la no meu panteão, ao lado de Chico Buarque, Raul Seixas, Rita Lee e Dionne Warwick (sim, a prima da Whitney) - pode ser, inclusive, que eu tenha outros ídolos para completar esta lista, dos quais não estou me lembrando agora, todos nas mesmas condições de apenas algumas músicas conhecidas e apreciadas, por maior que seja o repertório. Refletindo sobre isso, descobri que não é necessário tentar saber todas as músicas para ser um super fã de alguém, o importante é a empatia que as músicas, as letras, o jeito de cantar e o que mais for provoca em você enquanto ouvinte. Então, posso afirmar, sem medo de errar: sou muito fã da Whitney!
            Descanse em paz, Whitney.

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