segunda-feira, 25 de julho de 2011

Buscando textos

Não é verdade que se acha "tudo" na Internet, como muitos gostam de apregoar por aí. Nunca se disse que numa única biblioteca estaria acumulado todo o conhecimento produzido pela humanidade, então por que com a rede seria diferente? (Bom, tudo bem, dizem que o criador da teoria geocêntrica, o grego Ptolomeu, escreveu um livro contendo todo o conhecimento de Astronomia da época, tendo acesso a nada menos que a Biblioteca de Alexandria... Mas ele viveu, se não me engano, antes de Cristo. Ou, se foi depois, foi no primeiro século d.C.)


A impressão que eu tenho é que na Internet a gente precisa saber um "Abre-te, sésamo" para cada coisa que for procurar, do contrário aparece tudo menos o que se quer. É claro que é mais fácil quando o artigo tem um nome mais específico. Por exemplo, um dia destes indiquei para um amigo ler o conto "Mágoa que rala", texto pouco conhecido do Lima Barreto, que até agora nunca vi em outra antologia que não a organizada pela Lília Moritz Schwarcz - se bem que, para o livro dela, "Contos completos de Lima Barreto", o nome antologia não é verdadeiro, porque ela incluiu manuscritos do autor até então só encontráveis na Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro. Esse meu amigo quis procurar na Internet, eu duvidei que ele fosse achar, mas foi só ele digitar o nome que apareceu! Como eu disse, é porque o texto tem um nome incomum. Está certo, isto é discurso de mau perdedor, devo muito à Internet. Encontrei muitas outras crônicas digitando o nome do autor, ou título e autor. Ou navegando pelo site da Gazeta do Povo, dentro das edições anteriores - calcular a data de semana em semana, viajando-se principalmente para trás, me faz pensar que estou andando por um labirinto. O mal é que o número de viagens é limitado - agora está em 2005. Ou seja, de volta aos jornais de papel da Biblioteca Pública, se é que eles permitem essa promiscuidade.


No entanto, tenho os meus dramas e as minhas broncas. Desde o ano passado busco informações sobre o autor polaco-brasileiro L. Romanowski, autor do maravilhoso romance "Ciúme da Morte", mas nunca encontrei mais que o nome dele em artigos sobre a imigração polonesa no Paraná. O máximo a que cheguei foi achar o nome dele numa lista da Academia Paranaense de Autores. Não me conformo, porque esse livro, de que até existem quantidades razoáveis na Biblioteca Pública, pelo menos nos exemplares que vi (edições da década de 40 e uma da década de 70) não tem um mínimo de informações sobre Romanowski, e eu gostaria de saber se ele teve pelo menos alguma relação com a loucura, um dos temas do seu livro. Alguém aí sabe algo dele?


Também não acho, nem por decreto, duas crônicas não muito conhecidas, uma do Rubem Braga e outra do Luís Fernando Veríssimo. Para início de conversa, a fama e quantidade de textos destes dois inviabiliza muitas palavras de busca, pois geralmente vêm crônicas deles sobre o assunto de que me lembro e que escrevo no Google (algumas vezes são até palavras-chave dentro do texto), mas não vem "a" crônica. Por azar, não sei o nome de nenhuma delas, e nem alguma frase que possa colocar para localizar. A do Rubem Braga eu li um trecho, que caiu num exercício do cursinho. Só sei que está no livro "O homem rouco", no qual vou procurá-la agora. Esta apresentava uma comparação que o autor fazia entre a vida e uma melodia, que tem gente que vai atrapalhando a execução, poluindo de coisas ou tornando cada vez mais vazia. A do Veríssimo era um recorte de jornal que não sei como desapareceu. Só sei que falava sobre os poderes da infância que vamos perdendo com o tempo, como subir em árvores, acertar mais bolinhas de gude, mirar o xixi mais longe, etc.


Alguém por acaso sabe, pelas parcas descrições aqui fornecidas, onde estas crônicas se esconderam? Quando as descobrir, prometo que as publico aqui neste blog.

Um comentário:

  1. Oi, Ana Lúcia

    Eu comprei há uns quinze anos, num sebo virtual, não sei por que motivo, o livro Ciúme da Morte, de L. Romanowski (até hoje não tenho certeza do que é o "L"). Eu e meus irmãos fazemos uma espécie de culto em relação a este livro. É ótimo, lembrando muito Dostoievski, mas com uma abordagem da loucura realmente insana (se me permite o trocadilho).

    Mas a questão é justamente a que você pôs: faltam informações a respeito deste escritor. As únicas pessoas que eu conheço que leram este autor, são meus irmãos e um amigo a quem emprestei o livro. Vi que ele tem pelo menos dois outros livros no skoob, mas sobre o escritor mesmo, não encontrei nada.

    Se você já descobriu alguma coisa, por favor, compartilhe!

    Abraços!

    Leonardo

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