segunda-feira, 4 de julho de 2011

De uma declaração...

Esta semana que passou foi agitada: morte e não-morte de Amin Khader, morte de verdade de Itamar Franco, decisão da maioria dos médicos em não atender mais por planos de saúde... Quanto a isto, só tenho uma observação a fazer: com a falta de médicos, daqui a pouco poderemos ver nas clínicas particulares as mesmas cenas degradantes que já vemos nos hospitais públicos, de filas intermináveis e pacientes sub-atendidos. Seria bom, portanto, que a questão do pagamento dos médicos se resolvesse de uma vez por todas, para que realmente não haja prejuízo para os clientes, como se alardeia tanto por aí que não haverá.


Mas quero abordar um outro assunto, polêmico também, mas que provavelmente foi esmagado por essa avalanche de acontecimentos: a declaração da deputada Myrian Rios, no início da semana passada, reivindicando o direito dela, como mãe, de despedir empregados que sejam homossexuais por não querer que os filhos sejam molestados sexualmente ou influenciados a gostar de pessoas do mesmo sexo. O que me choca nessa fala é o antigo preconceito de que gays, todos, são necessariamente pervertidos sexualmente, portanto seria comum, e até lógico, que eles também fossem pedófilos e desregrados a ponto de influenciar negativamente outros. Claro, todos sabemos que da homossexualidade à pedofilia é um passo, não é?


Queria saber por que essa desconfiança acirrada contra os gays, que inclusive é um dos argumentos de quem se opõe à adoção por essa fatia da população. Creio que não há razão para não serem vistos como vemos os héteros, e entre os héteros sabemos haver os pedófilos, os abusados, os doentes por sexo, mas também os que se guardam para um relacionamento sério, que só querem achar alguém legal e ser felizes com essa pessoa, os que não ficam se acariciando em público ou na frente das crianças, os que sabem se controlar mesmo estando atraídos por determinada pessoa, etc. Entre os homossexuais também é assim. (Aliás, por que não nos importamos com o fato de um homem hétero ser galinha, portanto podendo ser extremamente desrespeitoso com uma mulher bonita, justificando isso até com a idéia de que os homens não conseguem viver sem sexo? Não é muita hipocrisia?) Já conheci alguns gays, todos extremamente respeitosos, e todos de uma forma ou de outra também envolvidos com crianças. Se o preconceito fosse verdadeiro, pelo menos duas dessas pessoas que conheço não poderiam estar numa sala de aula como professores, mesmo sendo excelentes profissionais. O segredo dessas pessoas é lidar com sua sexualidade de uma maneira muito segura - não escondem que são gays, afinal isso faz parte do que eles são, mas também não se reduzem somente a esta característica, jogando-a na cara dos outros a todo momento. Não têm necessidade disso. Mas quem quiser manter qualquer relacionamento com eles terá que aceitar a homossexualidade deles também, e isto está fora de discussão, o que fica claro com as atitudes que adotam.


É claro que é importante prestar atenção em quem se contrata e durante o tempo de serviço, pois o pedófilo ou tarado não vem marcado na testa. Mas não é a orientação sexual que vai determinar se alguém é isso ou não. É o nível de sanidade mental, em alguns, e o caráter, em outros. A orientação sexual deveria significar apenas por qual tipo de pessoa alguém se sente atraído, nada mais do que isso.

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